quinta-feira, 1 de julho de 2010

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL/UAB
DISCIPLINA: Competências Lingüísticas e Midiáticas
ALUNA: Andelma Carla Mendonça Silva

*Vida Maria


A violência dos opressores que os faz também desumanos, não instaura uma outra vocação – a do ser menos. Como distorção do ser mais, o ser menos leva os oprimidos, cedo ou tarde, a lutar contra quem os fez menos. E esta luta somente tem sentido quando os oprimidos, ao buscar recuperar sua humanidade, que é uma forma de criá-la, não se sentem idealistas opressores, nem se tornam, de fato, opressores dos opressores, mas restauradores da humanidade em ambos. (Paulo freire, 1970,16)



O curta metragem, Vida Maria, é uma animação em 3D que retrata a situação do sertanejo nordestinho e, principalmente a questão do analfabetismo feminino. Neste filme podemos ver a total submissão da mulher e a perpetuação do seu papel como função de doméstica e reprodutora, destinada a um futuro cíclico.
Vida Maria é uma eximia representação da reprodução social. A estratificação piramidal das relações entre capitalismo e trabalho, onde se estabelece a mais-valia. Nesta, fica claro que a única maneira do homem fura a barreira é através do estudo, mas como estudar se as condições sócio-econômicas e política não permitem.
As condições de produção do analfabetismo e do analfabeto têm suas causas em fatores sociais e educacionais. São sociais as condições de trabalho que, pautadas historicamente em um modelo Taylorista, não requisitavam de seus trabalhadores conhecimentos de leitura e escrita, visto que não eram necessários, bastava a força de trabalho. Assim, a força de trabalho alienado é o motor propulsor das diferenças de classes. A personagem Maria estar “distante” do mundo capitalista, vítima da má distribuição de renda no Brasil: diferenças regionais marcantes, intensa polarização capital/trabalho, sistema tributário injusto, ampla sonegação fiscal e de contribuições trabalhistas, sistema informal de trabalho, trabalhadores desempregados, inexistência de instrumentos de justiça econômica, salário mínimo muito abaixo da suas possibilidades econômicas, forte polarização urbano/rural, diferenças de renda, segundo o sexo e a etnia, alto nível de corrupção no sistema público e sistema privado, um sistema de previdência insuficiente que provocam a escolarização irregular da população.
A partir desta realidade, torna-se necessária uma reflexão a cerca dos fenômenos e ideologias das ações governamentais, sociais e educacionais, repensando os parâmetros de intersecção entre essa tríade, bem como as suas contribuições, para viabilizar a formação de uma sociedade mais humana. Há a necessidade de refletirmos sobre a função da escola para que ela atue incluindo todos os indivíduos, capacitando-os a utilizarem a leitura, a escrita e o cálculo de forma competente e crítica.







___________________________________________________________________
*Vídeo “Vida Maria”, um premiado curta metragem em animação gráfica 3D do diretor Márcio Ramos, gaúcho residente em Fortaleza, Ceará, onde atua como editor de vídeo, designer, diretor e produtor de animação para TV, filmes e internet.

Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 11ª Ed. Editora Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1970.
http://uab.unb.br/moodle/mod/resource/view.php?inpopup=true&id=58671. Acesso em 26/05/2010
bartolomeu.br.tripod.com/htm/modelo.htm. Acesso em 27/05/2010.